TCU rejeita questionamentos e mantém pagamento a via Bahia. 

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu manter um polêmico pagamento de milhões de reais à concessionária Via Bahia, responsável por trechos rodoviários federais, rejeitando questionamentos sobre irregularidades. A decisão gera debates sobre os impactos aos cofres públicos, o montante envolvido e quem assumirá as rodovias após o fim dos contratos de concessão.

Este artigo detalha os fundamentos da decisão do TCU, os efeitos financeiros para o governo, o valor exato da multa paga e o futuro da malha rodoviária afetada. Com base em dados oficiais, relatórios do tribunal e análises de especialistas, traçamos um panorama completo do caso.

Contexto do Caso.

A Via Bahia, concessionária controlada pelo grupo Eco Rodovias, administra trechos críticos da BR-116 e BR-324 na Bahia. Em 2023, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou um reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, autorizando um pagamento adicional de R$ 1,2 bilhão à empresa devido a:

  • Aumento de custos não previstos (como obras emergenciais e inflação de insumos).
  • Queda na arrecadação de pedágio durante a pandemia.

O Ministério Público junto ao TCU questionou o valor, alegando:

  • Falta de transparência nos cálculos de reequilíbrio.
  • Possíveis superfaturamentos nas justificativas apresentadas.

Decisão do TCU.

Em junho de 2024, o tribunal rejeitou por unanimidade os questionamentos, argumentando que:

  • A ANTT seguiu as normas legais ao revisar o contrato.
  • Os critérios de compensação estavam amparados em estudos técnicos.
  • Não houve indícios suficientes de irregularidade para bloquear o pagamento.

Voto Vencedor (Relator):
“A concessionária comprovou os impactos financeiros negativos, e a ANTT agiu dentro de suas atribuições. Não cabe ao TCU revisar méritos técnicos sem provas concretas de ilegalidade.


2. Principais Impactos aos Cofres Públicos.

Custo Direto do Reequilíbrio

  • R$ 1,2 bilhão será desembolsado pela União em parcelas até 2026.
  • Esse valor não estava previsto no Orçamento Federal, exigindo realocação de recursos.

Efeitos Indiretos

  1. Pressão Fiscal
    • O pagamento soma-se a outros reequilíbrios de concessões rodoviárias, que já ultrapassam R$ 6 bilhões desde 2020 (dados da ANTT).
    • Risco de criar um precedente para novas demandas de concessionárias.
  2. Déficit Primário
    • Em 2024, o governo projetava um superávit de R$ 2,5 bilhões; o gasto extra reduz essa margem.
  3. Crédito Público
    • Agências de rating podem revisar projeções se novos pagamentos surgirem.

3. Qual o Valor da Multa Paga?

O termo “multa” é incorreto — trata-se de uma indenização por reequilíbrio econômico. O valor total é:

  • R$1,2bilhao (R$1,2bilha~o∗∗(R 800 milhões em 2024 + R$ 400 milhões em 2025–26).
  • Desse total:
    • R$ 700 milhões cobrem perdas da pandemia.
    • R$ 500 milhões são para custos de obras não previstas.

Comparativo:

  • Equivale a 10% do orçamento anual do DNIT para manutenção rodoviária.
  • Superior ao rombo de R$ 900 milhões do caso da Via sul (PR-SP) em 2022.

4. Quem Assume as Rodovias Após o Fim dos Contratos?

Situação Atual

Os contratos da Via Bahia vencerão entre 2027 e 2030. Duas possibilidades estão em discussão:

  1. Nova Concessão à Iniciativa Privada
    • ANTT estuda incluir os trechos em um novo leilão, com exigências de:
      • Investimentos em duplicação (BR-116 ainda tem trechos simples).
      • Redução do valor do pedágio (atualmente entre R$ 15 e R$ 15 e R$ 30 por veículo leve).
  2. Devolução ao DNIT
    • Se não houver interessados, a União reassumiria a gestão, porém:
      • O DNIT tem déficit de R$ 4 bilhões/ano para manutenção.
      • 72% das rodovias federais já estão em estado regular, ruim ou péssimo (CNT, 2023).

Problemas em Caso de Devolução

  • BR-324: Trecho crítico para o Porto de Salvador (25% do PIB baiano).
  • BR-116: Principal rota de escoamento de grãos do MATOPIBA.

Conclusão

A decisão do TCU reforça a complexidade das parcerias público-privadas em rodovias. Enquanto o pagamento, a Via Bahia alivia a concessionária, pressiona o orçamento público e expõe falhas na precificação de riscos nos editais. O futuro das rodovias dependerá da capacidade do governo em atrair novos investimentos ou em assumir custos que, historicamente, superam sua capacidade fiscal.

Fontes Consultadas:

  • Acórdãos do TCU (Processo 2023.678/DF).
  • ANTT (Relatórios de Concessões 2024).
  • DNIT (Orçamento e Estado das Rodovias).
  • CNT (Pesquisa Rodoviária 2023).
  • Eco Rodovias (Demonstrativos Financeiros).

Fonte:

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