Sobe o ICMS das chamadas comprinhas Fora do Brasil.

1. Sobe o ICMS sobre Compras Internacionais em mais 10 Estados.

A partir desta semana, consumidores de mais 10 estados brasileiros passarão a pagar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre compras internacionais de até US$ 50, valor que antes era isento. Com a adesão desses estados, o total de unidades federativas que taxam importações de baixo valor sobe para 21, afetando milhões de brasileiros que compram em sites como AliExpress, Shein e Shopee.

A mudança segue a Regulamentação do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), que permite aos estados cobrar 17% de ICMS sobre transações internacionais. Antes, somente 11 estados aplicavam a taxação, mas agora Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre, Amapá, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão aderiram ao modelo, ampliando o alcance da medida.

Segundo a Receita Federal, em 2023, mais de 100 milhões de encomendas entraram no Brasil pelo regime de isenção para compras de até US$ 50. Com a nova regra, estima-se que os cofres estaduais arrecadem R$ 8 bilhões a mais por ano, mas o impacto no bolso do consumidor será significativo.


2. Por Que Existe Essa Diferença Entre Estados?

A cobrança de ICMS sobre importações de pequeno valor não é uniforme no Brasil devido a três fatores principais:

a) Autonomia Tributária dos Estados.

O ICMS é um imposto estadual, e cada governo local decide como aplicá-lo. Estados com déficit fiscal tendem a adotar a taxação para aumentar receita, enquanto outros ainda resistem para não prejudicar o comércio local.

b) Pressão do Varejo Nacional.

Lojas brasileiras argumentam que a isenção de impostos para produtos importados cria concorrência desleal. Em estados onde o comércio eletrônico local é forte, como São Paulo e Minas Gerais, a pressão para taxar as compras internacionais foi maior.

c) Estratégia de Arrecadação.

Estados com menor atividade econômica interna veem nas importações uma forma de compensar perdas. O Maranhão, por exemplo, que aderiu agora, estima arrecadar R$ 120 milhões por ano com a medida.


3. Os Impactos aos Consumidores.

A taxação de 17% sobre compras internacionais trará consequências diretas e indiretas:

a) Aumento de até 30% no Preço Final.

Além do ICMS, as compras ainda sofrem:

  • Taxa do Marketplace (varia por plataforma)
  • Frete internacional (que já subiu 25% desde 2022)
  • Possível taxa de desembaraço aduaneiro (caso a Receita Federal revise a isenção)

Um produto que custava R$ 100 pode passar a custar R$ 130 ou mais.

b) Queda no Volume de Compras.

Dados da Ebit|Nielsen mostram que, nos estados que já taxam, as compras caíram 18% em média. A tendência é que o mesmo ocorra nos novos estados.

c) Migração para o Mercado Nacional (Com Ressalvas).

Embora o varejo brasileiro comemore, muitos produtos não têm equivalentes nacionais com a mesma relação custo-benefício, como eletrônicos e acessórios.


4. Quais as Projeções Futuras?

O cenário para os próximos anos envolve três possibilidades:

a) Unificação Nacional da Taxação.

O governo federal estuda criar uma regra única para todo o Brasil, eliminando a disparidade entre estados. Se aprovada, a medida pode entrar em vigor em 2025.

b) Fim da Isenção para Compras até US$ 50.

A Receita Federal avalia reduzir o limite de isenção para US$ 20, o que aumentaria ainda mais a carga tributária.

c) Maior Fiscalização contra Sonegação.

Com a alta nos preços, muitos consumidores podem buscar formas ilegais de importação, como declaração de valores falsos. A tendência é que a fiscalização se intensifique.


Conclusão

A expansão do ICMS sobre compras internacionais reflete a busca dos estados por novas fontes de receita, mas também gera inflação e redução no poder de compra. Enquanto o governo federal não definir uma política clara, os consumidores continuarão sujeitos a tributações desiguais, dependendo de onde moram. A médio prazo, a solução ideal seria uma reforma tributária que equilibrasse a competitividade do mercado sem sobrecarregar o consumidor final.

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