Nesta segunda-feira, os consumidores brasileiros enfrentam mais um aumento nos preços dos medicamentos. Conforme a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), o reajuste médio foi de 5,6%, seguindo a variação de indicadores econômicos como inflação e custos de produção. Esse ajuste, previsto em lei, ocorre anualmente e impacta tanto remédios de tarja preta quanto genéricos e de referência.
Dados do ICTQ (Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade) mostram que, nos últimos cinco anos, os medicamentos acumularam alta de 37%, superando a inflação oficial medida pelo IPCA. Esse cenário preocupa especialmente os pacientes crônicos, que dependem de tratamentos contínuos.
Vários fatores contribuíram para o reajuste dos preços dos medicamentos:
A CMED utiliza uma fórmula que considera:
Em 2023, o dólar teve alta de 6,8%, pressionando os custos de fabricação. Além disso, a inflação oficial fechou em 4,62%, influenciando diretamente o cálculo do reajuste.
Cerca de 90% dos princípios ativos usados no Brasil são importados, principalmente da China e Índia. Problemas na cadeia global de suprimentos, somados a crises geopolíticas, elevaram os preços desses componentes.
A CMED estabelece tetos para evitar abusos, mas laboratórios argumentam que a margem de lucro é reduzida, levando a ajustes anuais significativos.
O aumento dos medicamentos gera efeitos diretos e indiretos na população:
Famílias que gastam 15% da renda com remédios (segundo a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica – Abifarma) precisam cortar outros gastos essenciais.
Muitos pacientes migram para genéricos ou interrompem tratamentos. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) alerta que 30% dos brasileiros já deixaram de comprar medicamentos devido ao custo.
Com a alta nos preços, mais pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde, sobrecarregando postos e farmácias populares.
Analistas apontam três cenários para os próximos anos:
Se a inflação e o dólar permanecerem voláteis, os remédios podem acumular alta de 20% até 2026.
O governo estuda medidas para reduzir a dependência de insumos importados, como linhas de crédito para laboratórios locais.
Farmácias populares e genéricos devem receber mais investimentos para amenizar o impacto nos consumidores.
O aumento dos remédios reflete desafios estruturais da indústria farmacêutica, desde a dependência de importações até a política de preços regulados. Enquanto não houver uma política eficiente de produção nacional e controle de custos, os consumidores seguirão vulneráveis a novos reajustes. A médio prazo, a solução passa por investimento em tecnologia e redução da burocracia para fabricantes locais.
Fonte:
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